Nestor tava se sentindo mais alegre que pinto no lixo desde que começou a namorar Mariana. Mas tinha um porém, já namoravam há três meses e nada de Nestor faturar aquela escultura da deusa grega Afrodite, o cara já tava ficando mais tarado que presidiário em dia de visita íntima. Mas Mariana continuava o jogo duro pra cima do cara: - Não amorzinho, ainda não estou preparada... aííííí´... assim não espera... Nestor tinha que acabar com essa retranca.
- Meu amigo, eu não sei mais o que eu faço cara, a mina tá me deixando doido bicho, quando eu tô de frente pro gol a “mulé” me dá um cartão vermelho e me manda pro chuveiro... - Confidenciava Nestor à seu amigo Mario. – Relaxa Nestor, que a tua hora vai chegar... – Relaxar?! Relaxar?! É porque não é contigo Mané que o bicho tá pegando, quer dizer, não tá pegando...
Naquela semana estava marcada uma festa de despedida na casa de outro amigo que tava indo “pros States”. Nestor já tava apertando Mariana há quase uma hora em um dos quartos da casa, até que ela não agüentando mais falou: - Tá bem, mais aqui não pode, chega alguém gatinho e pega agente no flagra e aí? Vamos pra um motel... Nestor em milésimos de segundo pensou “É hoje”, mas, tinha um problema, mentalmente contou o “troco” na carteira e chegou a conclusão que não ia dar pro taxi e pro motel.
- Tudo acabado por causa de falta de grana? Droga... pensava Nestor enquanto descia as escadas da casa em busca dos amigos. – Mario... Mario... psst, psst, vem cá... Mario se desvencilhou da morena que tava ficando e foi até Nestor. – Fala cara, Que é que tá pegando? Cadê Mariana? – Tá lá em cima “véi” e tá querendo ir pra um motel... – Aí Nestor se deu bem... – É... mais por enquanto ainda não, tô mais liso que bunda de índio “cumpade”... – Vai dá de te ajudar não meu irmão, meu troco tá mirrado também. – Eu já contei meu dinheiro, só dá pra passar duas horas no motel mais barato, tem até um aqui na Av. Santos Dumont, mas também eu não vou levar a Mari a pé pela primeira vez né cara? Empresta o carro aí? – Faz o seguinte, eu vou deixar a “mina” em casa e depois eu deixo vocês no motel... – Porra cara, deixa o carro comigo... – Se eu pudesse eu deixava, mas o coroa me mata se eu chegar sem ele em casa... – Falou então, vou convencer a Mari da gente ir de carona... depois agente dá um jeito de ir embora – Te espero lá fora...
Depois de alguns minutos pra convencer Mariana, os quatro se encontram finalmente, aliás, os seis: - E aí vamo nessa? – Fala o empolgado Nestor. – Vamo, agente só precisa deixar o Flavinho e a namorada dele no “apê” dela... “Aí minha nossa senhora, mais essa...” Pensou Nestor. Entraram os seis no carro. Destino: Apartamento da namorada do Flavinho. Conversa vai, conversa vem, Flavinho e a namorada começam a discutir e acabou que Flavinho iria voltar com Mario e deixar Flavinho primeiro era uma grande contramão. Destino: Casa da “ficante” de Mario. Ficante em casa e tudo corre bem até que antes de chegar a Av. Santos Dumont o carro dá a famosa pane seca. Lá se vai Nestor, Mariana e Flavinho empurrar o carro até o posto de gasolina mais próximo, 2 km somente. O esbaforido Nestor e a galera chegam ao posto e enquanto abastecem Nestor com dor de cabeça (era só o que faltava) vai atrás de um remedinho na loja de conveniência. Loja de conveniência vazia, Nestor chama por alguém: - Tem ninguém não? Vou levar de graça... – Só um minutinho – responde alguém lá de dentro com um sotaque nordestino. – Onde fica o analgésico Ceará? – Ceará?! Eu tenho nome “fio duma égua” – fala com seus botões o atendente enquanto lava as mãos depois da “cagada”. – Fica na frente da prateleira do meio embaixo dos absorventes, cartelinha com quatro... – Tá, já achei. Nestor pega o remédio, uma água mineral e enquanto toma os quatro comprimidos querendo que a dor de cabeça passe logo se dirige ao caixa pra pagar o “Ceará” que o esperava com um sorriso indecifrável no rosto.
Tudo resolvido. Mario e Flavinho foram deixar Nestor e Mariana no “motelzinho”. Parando na porta Mario diz: - Tá entregue... – Porra Mario, deixa agente lá dentro cara... – Tá, tá bom. O carro para em frente a Suíte de luxo Afrodite que nada mais tem de diferente do que uma banheira de hidromassagem que quebra mais que funciona. Nestor aos beijos e agarrões adentra o quarto com a sua amada para finalmente consumar o ato tão esperado: A noite de amor com Mariana.
Mario e Flavinho ao deixar os dois na frente da suíte se dirigem a saída mais próxima. O atendente olha a placa e procura no computador. Nada acha. Ao se aproximarem pergunta: - Os senhores estavam em qual suíte? – Quê o quê rapá? Agente só veio deixar um casal de amigos aqui... – Ó sim! Desculpem o engano, tenham uma boa noite. Enquanto esperavam o portão abrir, que demorava uma eternidade, Flavinho disse: - Esse sujeito tava pensando que agente é peroba... – Eu também pensaria se visse dois caras saindo de um motel... Os dois se olham repentinamente e ao tentarem sair do motel um grupo de moças vindas de uma balada atravessam na frente da saída os impedindo de sair: - Olha só os dois boiolas! Uma delas diz e o grupo caí na gargalhada.
Na suíte de luxo Afrodite o casal em trajes sumários se prepara para o ato final do amor quando de repente Nestor sente um certo incomodo estomacal: - Aí... – Que foi amorzinho? – Nada não. Voltam a se beijar tresloucadamente com seus corpos grudados de desejo quando o incômodo volta mais forte ainda: - Aíííííí... – Que foi amorzinho? – Amorzinho... hummmmmmm... acho que preciso ir ao banheiro... – Logo agora? – Pois é, não vai dar pra esperar não. – Pois vai e volta logo que eu tô louquinha aqui. Nestor dá um pulo da cama e corre ao minúsculo banheiro onde não fecha a porta e nem liga a luz. Alguns segundos mais tarde houve-se como um estrondar de um trovão saindo do banheiro que ecoa por todo o quarto. Mariana assustada senta na cama repentinamente e pergunta: - Amor ta tudo... Arghhh. A frase é cortada pois diante do fedor que inundou o quarto ela não conseguia mais dizer nada, seu último pensamento antes de fugir do quarto foi: - Meu Deus o que é que é isso?
No sossego da madrugada da loja de conveniência, “Ceará” bate com uma embalagem vazia de remédio no balcão, o sorriso indecifrável ainda no rosto. Quem chegasse mais perto podia ler o nome: LACTOPURGA.
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